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Vendas no varejo disparam no 1º trimestre

As vendas no varejo subiram 15,7% sobre março de 2009, a maior alta nessa base de comparação da série histórica.

A força do comércio varejista em março voltou a surpreender, confirmando o ritmo chinês de crescimento no primeiro trimestre. As vendas no varejo subiram 15,7% sobre março de 2009, a maior alta nessa base de comparação da série histórica. No caso do varejo ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e material de construção, o aumento foi ainda maior - 22%.

 

A alta do emprego e da renda e a ampla oferta de crédito impulsionaram o comércio, destaca a economista-chefe da Rosenberg & Associados, Thaís Marzola Zara. O setor também se beneficiou da antecipação do consumo por conta da iminência do fim da vigência da alíquota reduzida do Imposto de Produtos Industrializados (IPI) para automóveis. As vendas de veículos cresceram 20,7% no primeiro trimestre.

O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, destaca que, de janeiro a março, houve aceleração do já forte ritmo de expansão das vendas dos três meses anteriores. No caso do varejo ampliado, no primeiro trimestre o comércio teve alta de 5,5% sobre o trimestre anterior, na série livre de influências sazonais. No quarto trimestre de 2009, o crescimento tinha sido de 3% sobre o terceiro.

Em resumo, houve um avanço robusto em cima de uma base de comparação que já era forte. Gonçalves ressalta a "influência do licenciamento recorde de veículos e a retomada consistente das vendas de material de construção". Para ele, os números reforçam o cenário de alta de juros. "Esperamos que o Banco Central eleve a taxa Selic em 1 ponto percentual na próxima reunião do Copom, em junho", diz ele. No encontro de abril, a alta foi de 0,75 ponto. Tanto Thaís como Gonçalves consideram possível que as vendas no varejo fechem o ano com alta superior a 10%. Em 2009, a alta foi de 5,9%.

O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) relativiza um pouco os números do primeiro trimestre, por conta de alguns "fatores tópicos" que podem ter contribuído para um avanço tão significativo. "O primeiro deles diz respeito à ocorrência, em 2010, da Páscoa no mês de março, enquanto no ano passado ela ocorreu em abril", diz relatório do Iedi. "Isso ampliou em muito o crescimento de certos setores, como supermercados e hipermercados, na comparação com março de 2009." A alta nesse segmento foi de 15,1%. "Talvez grande parte da aceleração do resultado do varejo no seu conceito mais restrito apurado em março se deve a essa causa." Outro ponto é a corrida para a compra de veículos, para aproveitar o IPI reduzido, que vigorou até o fim de março.

"Em suma, vários fatores ocasionais relativizam o "superaquecimento" da atividade econômica brasileira, sem que isso signifique negar o elevado ritmo com que o consumo se apresenta no país", aponta o Iedi. Nesse cenário, seria precipitado projetar para o resto do ano o mesmo ritmo de expansão registrado no primeiro trimestre de 2010. Para abril, a expectativa já é de alguma desaceleração das vendas, como aponta Thaís. "Isso ocorre tanto por uma acomodação natural após três meses de crescimento vigoroso como pela reversão da antecipação de compras de alguns segmentos em março."

 

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